Bahia, 03 de Dezembro de 2025
Por: aventurasnahistoria.com.br
03/12/2025 - 08:50:46

Uma nova pesquisa acadêmica reacendeu o debate sobre o ponto exato onde a expedição de Pedro Álvares Cabral teria avistado e alcançado o território brasileiro. O estudo, publicado no Journal of Navigation, da Universidade de Cambridge, desafia a versão consolidada de que a frota aportou inicialmente em Porto Seguro, no sul da Bahia. Os físicos Carlos Chesman, da UFRN, e Carlos Furtado, da UFPB, defendem que o primeiro desembarque ocorreu na costa potiguar, entre Rio do Fogo e São Miguel do Gostoso.

Segundo os autores, a hipótese se apoia em cálculos baseados na carta de Pero Vaz de Caminha, primeiro documento escrito sobre o Brasil. Eles analisaram dados sobre ventos, correntes marítimas e profundidades do mar ao longo da rota da frota. Em seguida, cruzaram essas informações com expedições de campo e medições recentes. Assim, concluíram que o “grande monte, mui alto e redondo” descrito por Caminha não corresponderia ao Monte Pascoal, na Bahia, mas sim ao monte Serra Verde, em João Câmara, no interior do Rio Grande do Norte.

Os cálculos indicam que a frota percorreu cerca de 4 mil quilômetros desde Cabo Verde até avistar terra firme em 22 de abril de 1500. Ao considerar os efeitos das condições naturais da navegação, o ponto de chegada se aproximaria mais da costa potiguar do que do litoral baiano. Para os pesquisadores, o primeiro desembarque ocorreu na praia de Zumbi, em Rio do Fogo. No dia seguinte, após ventanias que empurraram os navios rumo ao norte, o segundo ponto de parada teria sido a praia do Marco, onde existe um marco português datado de 1501.

Discussão

A discussão não é nova no Rio Grande do Norte. Desde o século passado, intelectuais potiguares — como Luís da Câmara Cascudo — levantam a possibilidade de que os portugueses tenham chegado primeiro àquela faixa do litoral. Chesman afirma que esse histórico incentivou o início da pesquisa durante a pandemia de Covid-19.

Segundo ‘O Globo’, outro trabalho relevante é o do almirante Max Justo Guedes, publicado em 1975. Especialista em história naval, Guedes reconstituiu a navegação de Cabral e concluiu que o local descrito por Caminha correspondia à costa baiana, apoiado nas características das caravelas e em registros técnicos da época.

A UFRN deve sediar, no próximo ano, um colóquio científico para discutir o trabalho. Os autores querem apresentar suas conclusões à comunidade de historiadores e incentivar novas abordagens sobre o tema.

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