
Um dos mais importantes municípios da Bahia hoje, sendo o 20º colocado entre os mais ricos, com um Produto Interno Bruto (PIB) de 3,2 bilhões; uma arrecadação própria de R$ 88,8 milhões*; e uma arrecadação total de R$ 370,9 milhões ao ano, Eunápolis vive sob a égide da célebre frase dita pelo padre Emiliano que, em 1950, afirmou que naquele local haveria de “surgir um centro progressista”.
Ao completar neste dia 12 de maio, 37 anos da sua emancipação política e administrativa, o município mostra esses números como fruto do trabalho de empresários, prestadores de serviços, trabalhadores e investidores que, na sua maioria, aqui chegaram e, com o seu labor, tornaram a pequena povoação um povoado, depois um município, colocando-o a seguir, entre os mais desenvolvidos da Bahia.
Desenvolvimento que se deu inicialmente pelo comércio, e depois continuado pela atividade madeireira, a agricultura, a pecuária, os serviços e a indústria.
Não há – infelizmente - dados da produção das diversas culturas que são plantadas e colhidas no município, que, além de abastecerem o mercado interno, são comercializadas para o sul/sudeste - o café, especialmente, é todo comercializado para fora. A pecuária, com um rebanho de mais de 80 mil reses, é importante para a economia local. E se destaca como referência para toda a Bahia, na reprodução animal. Aqui se aplicam o que há de mais moderno como a transferência de embrião, a inseminação artificial; inseminação artificial em tempo fixo, e exames, como a Ultrassonografia modo B, Ultrassonografia Doppler. A indústria tem na Naturaves, empresa avícola que abate 50 mil frangos e produz 800 mil ovos por dia, e na Veracel, empresa de celulose que produz 1 milhão de toneladas/ano, as maiores empresas do ramo.
O comércio e os serviços, os setores que mais geram empregos – pelo menos 40 mil postos de trabalho -, completam a economia formal, e tornam Eunápolis a cidade polo da microrregião. O comércio, com cerca de 5 mil estabelecimentos de varejo e quase 1 mil atacadistas é o principal fornecedor de mercadorias para os municípios circunvizinhos e o norte de Minas Gerais. Enquanto o setor de serviços, com cerca de 3 mil empresas, tem, especialmente na educação e nos serviços de saúde, o grande atrativo. Na educação, a cidade recebeu, nos últimos anos, importantes cursos superiores, como duas faculdades de medicina. Medicina que tem tido importantes avanços tecnológicos nas últimas décadas, permitindo a realização, no início deste ano, de uma “revascularização do miocárdio”, uma cirurgia cardíaca que só é realizada nos “grandes centros”.
A odontologia tem também experimentado inovações que já permitem a realização de cirurgias plásticas e outros procedimentos de alta complexidade, como o sistema CAD/CAN, tecnologia 3D, que permite a confecção e implantação de uma prótese dentária sob medida, na própria clínica; e ainda a harmonização orofacial, que hoje é a nova especialidade da odontologia.
No âmbito da Tecnologia da Informação (TI), Eunápolis é “autossuficiente” quando se trata de soluções tecnológicas para empresas. Na cidade, já se desenvolvem softwares, aplicativos e programas que atendem a todas as necessidades das empresas locais, sejam elas pequenas, médias ou grandes, utilizando as linguagens mais modernas existentes em todo o mundo. Empresas locais já prestam esse tipo de serviço para clientes de outras cidades de Bahia, inclusive de Salvador.
Transformações na cidade
Fruto da instalação de novas empresas, novos cursos superiores, clínicas médicas e odontológicas, e novos investimentos que também trazem para a cidade mão-de-obra qualificada, a cidade, cuja população não para de crescer, vive constantes transformações, como a expansão da área urbana, o adensamento populacional, a ampliação da área comercial, e melhoria no que diz respeito ao urbanismo, entre outros fatores ligados ao seu desenvolvimento.
A expansão da área urbana, nas últimas décadas, propiciou a ocupação de emplos espaços em praticamente todas as direções da cidade. Como na região sudeste - que abrange os bairros: Dinah Borges I, II e III, Ivan Moura – com a implantação do Alto da Boa Vista; Santa Rita; Niterói I, II e III; Encanto das Águas I e II. Na faixa mais a oeste, o Antares, Colonial, Alamar, e ainda em fase de ocupação, os loteamentos Jardim América I, II e III, e o Parque das Flores. Na faixa mais a leste, o Delta Park – em fase de consolidação -, e ainda em fase final de comercialização, o condomínio Green Gold Jardins. Na faixa mais ao sul os bairros: Jardins de Eunápolis, Jardins das Acácias, Vivenda Costa Azul, Alvorada e Matinha. Na faixa mais ao norte os bairros: Nova Eunápolis, Jardim Amendoeira, Nacional e Vista Alegre.
Foram lançados também empreendimentos imobiliários com unidades habitacionais que contemplaram a faixa da população de baixa renda: Residencial Alecrim, Parque Residencial Arnaldo Moura Guerrieri (o Arnaldão) e o Parque Renovação, além de outro, destinado a uma faixa da classe média, o Residencial Talismã. Esses empreendimentos somam 3.400 unidades habitacionais.
Houve ainda, um adensamento populacional em diversas áreas já habitadas, como nas regiões que compreendem os bairros Moisés Reis e Thiago de Melo (Alecrim), e ainda Juca Rosa e Sapucaeira.
Centro comércial se expande
Outro tipo de transformação pela qual a cidade passa é a expansão da área denominada de comercial, que abriga as lojas, os estabelecimentos do setor de serviços e empresas, de um modo geral.
A mais significativa transformação tem sido operada na rua Paulino Mendes Lima, e data de mais ou menos, três décadas. Especialmente no trecho compreendido entre a praça Dr. Eunápio Peltier de Queiroz e o colégio Clériston Andrade, que faz parte da região central da cidade. O casario antigo, intercalado aqui e acolá, por alguns escritórios, duas ou três clínicas médicas, dois bares e o prédio do INSS, deu lugar a um grande número de óticas, novas clínicas médicas, odontológicas, lojas e escritórios. É hoje, uma rua quase que exclusivamente comercial.
A rua Demétrio Couto Guerrieri, mais conhecida como Rua do Colônia, é a “bola da vez” nesse processo de expansão das atividades comercial e de serviços em Eunápolis.
Outra região que passou por uma importante transformação foi o local antes ocupado pelo Estádio Itamar Seixas, o Itamarzão e imediações. O estádio foi demolido, e na sua área central foi aberta uma via que passou a ligar a Rua dos Fundadores à Padre João Gualberto. Criando uma via de acesso importante aos bairros: Vivendas Costa Azul, Urbis I e II, e à BR 101, saída para a cidade de Itabela. Outro resultado importante dessa obra foi dar à rua do Fundadores um potencial comercial, em razão dela passar a ter um fluxo de veículos muito maior do que tinha.
A cidade ainda guarda, porém, resquícios de um período de muito desenvolvimento nos anos 1970, 80 e 1990, mas teve como consequência o inchaço populacional, com a chegada ao então povoado, de milhares de pessoas e famílias cujas condições econômica e financeira não lhes permitiram realizar o que almejavam. O que resultou em aglomerados, bolsões de pobreza que, ainda hoje, evidenciam as gritantes desigualdades sociais que marcam a população local.
Mas, apesar dessas diferenças, Eunápolis continua a ser a terra que a tantos acolheu, oferecendo a cada um o que pôde; e se muito não foi possível dar, permitiu-lhes, ao menos, o suficiente para aqui viver, constituir família, e, de alguma forma, sobreviver.
Parabéns, Eunápolis!
*Teoney Araújo Guerra é jornalista provisionado (MTb 2166/BA)
Cronologia da Emancipação
• Em 1962, as câmaras de vereadores de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália se reuniram no povoado para discutir sobre a possível emancipação. A ideia do desmembramento no futuro município foi vitoriosa na Câmara Municipal de Porto Seguro, por cinco votos contra dois*.
• No ano de 1974, a Prefeitura de Santa Cruz Cabrália e o IBGE fizeram estudos de viabilidade (levantamentos: territorial e sociológico), o TRE fez o levantamento eleitoral. Eunápolis já reunia as condições necessárias para ter início, na Assembleia Legislativa (AL), o processo de emancipação. Um projeto foi elaborado e aprovado. Porém, foi arquivado.
• Em 1980, o deputado Antônio Olímpio requer, na AL, o desarquivamento do projeto, que é novamente votado e aprovado. É marcado um Plebiscito para consultar a população sobre a emancipação.
• Grupos políticos de S. C. Cabrália contrários à emancipação fazem campanha contra o voto “SIM” que garantiria a emancipação do povoado.
• Em 1984 o Plebiscito é realizado, mas o “SIM” não alcança o número de votos que é exigido pela legislação: metade mais um voto.
• Em 1986, o deputado estadual José Ramos Neto inclui o nome de Eunápolis em um projeto que tramita na AL e versa sobre a emancipação de outros municípios. O projeto é aprovado e um novo Plebiscito é marcado.
• No dia 7 de fevereiro de 1988 a consulta popular é realizada e a maioria dos eleitores aprova a Emancipação.
• No dia 12 de maio de 1988 o governador sanciona a lei, Emancipando Eunápolis.
*Dado do IBGE, relativo ao ano de 2021, o mais recente divulgado.