O cenário da economia em 2025 apresenta uma série de desafios para o Brasil. O novo ciclo de alta de juros, que foi acelerado no final do ano passado, deverá esfriar a atividade econômica ao longo dos próximos meses. Segundo o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, o mercado estima que a Selic - hoje em 12,25% - seguirá subindo e terminará o ano em 15%.
A política monetária restritiva vai elevar o custo do crédito. Juros altos desestimulam os empresários a fazer investimentos, o que desaquece a economia e desacelera o Produto Interno Bruto (PIB).
Atualmente, a expectativa dos agentes financeiros é de crescimento do PIB de 2% em 2025 – o resultado final de 2024 será conhecido em março e deve ficar em torno de 3,5%. O Ministério da Fazenda projeta um avanço de 2,5% para este ano.
“Embora o desempenho da economia tenha surpreendido positivamente nos últimos anos, em 2025 haverá menos impulso fiscal por parte do governo, além do forte aperto monetário que será sentido, sobretudo, no segundo semestre”, avalia José Maurício Caldeira, sócio conselheiro da Colpar Brasil e Adone Holding, grupos que atuam em diversos setores da indústria e do agronegócio no Brasil e exterior. “Vamos ver se teremos nova surpresa em 2025.”
Além dos juros, os gastos públicos e a inflação também serão desafios para 2025. O pacote fiscal apresentado pelo governo no final do ano passado não convenceu os agentes financeiros de que a trajetória da dívida pública entrará numa rota sustentável. O mercado espera o anúncio de mais medidas de contenção de gastos.
A inflação, pelo segundo ano consecutivo, deverá terminar em 5%, acima do limite superior da meta. Em 2024, a taxa ficou em 4,83%, estourando o teto máximo, que é de 4,5%. A meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%. A espiral de aceleração do dólar nos últimos meses e o preço dos alimentos são fatores que seguirão pressionando a inflação este ano.
Cenário global
Por fim, outro item a ser considerado é o cenário externo à frente, de maior incerteza global, sobretudo em função dos Estados Unidos, pondera Caldeira. O presidente Donald Trump prometeu na campanha eleitoral um reajuste generalizado das tarifas de importação para proteger os bens fabricados nos EUA.
Pelas declarações de Trump, os produtos chineses poderão ser taxados em 60%, os dos vizinhos México e Canadá em 25% e dos demais países em percentuais variando entre 10% a 20%. Se isso ocorrer, os países afetados pelas novas taxações deverão retaliar os Estados Unidos e também aumentar as tarifas.
Uma eventual guerra tarifária pressionará a inflação mundial, levando a uma subida dos juros internacionais, o que se traduziria em um ambiente mais desafiador para as economias emergentes. “Até que a névoa de dúvidas se dissipe, teremos meses de incerteza à frente”, finaliza José Maurício Caldeira.