Em documento enviado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontou que o número de desligamentos diretos ou indiretos em torres de energia devido a atos de vandalismo em 2023 já é o maior dos últimos cinco anos.
Segundo o relatório da Aneel, de 18 de julho, foram ao menos 12 desligamentos neste ano provocados por vandalismo. Como o ano não acabou, o número pode crescer.
Em 2022, foram oito desligamentos por causa de vandalismo. Em 2021, foram 11. Em 2020, 10, e, em 2019, dois. O recorde nos últimos dez anos foi em 2013, com 20 desligamentos causados por ataques.
O mesmo documento enviado pela Aneel à CPMI afirma ainda que houve quatro quedas de torres de energia elétrica causadas por vandalismo entre 8 e 14 de janeiro deste ano. Os casos aconteceram em Cujubim (RO), Medianeira (PR), Rolim de Moura (RO) e Vilhena (RO).
Outras quatro torres foram vandalizadas entre 8 e 16 de janeiro em Rio das Pedras (SP), Palmital (SP), Tupãssi (PR) e Santa Tereza do Oeste (PR).
O relatório da agência informa que, logo após os atos criminosos de 8 de janeiro, foi instaurado um gabinete de acompanhamento da situação do sistema elétrico brasileiro, atendendo a um pedido do Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase).
Entre as ações determinados pelo grupo estava a “prestação de informações, ao longo dos 15 dias seguintes, duas vezes ao dia (até as 8h30 e até 17h30), indicando qualquer ato, tentativa ou suspeita de ataques às instalações físicas, ou à segurança cibernética dos ativos”.
As informações foram prestadas pela Aneel após requerimento apresentado pela relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA). O pedido foi aprovado pelo colegiado em 11 de julho. A resposta chegou à CPMI dia 20, segundo o sistema do Congresso.
Abin aposta risco contínuo de vandalismo
Em relatório sob sigilo enviado à CPMI do 8 de janeiro, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) citou um risco contínuo de vandalismo a torres de energia, conforme apurou a CNN.
No documento, a Abin relata todos os ataques com indícios de sabotagem feitos às linhas de transmissão do Sistema Interligado Nacional (SIN) em seis estados desde o segundo turno das eleições de 2022 e deixa um aviso sobre a permanência de risco de novas tentativas de boicote.
“Permanece o risco de tentativas de sabotagem contra linhas de transmissões e demais estruturas ou instalações de outras infraestruturas críticas nacionais, perpetradas por indivíduos ou grupos radicalizados”, afirma a Abin.
Para a agência, a derrubada de tores de energia e outros atos de vandalismo e atentados contra infraestruturas fazem parte de uma estratégia de grupos radicais para tentar deslegitimar o processo eleitoral. Por exemplo, com bloqueios rodoviários, instalação de acampamentos em organizações militares e deslocamento de caminhões para Brasília.
O relatório da Abin também aponta quais foram os critérios para definir se a derrubada e retirada de peças das torres de transmissão foram, ou não, sabotagem.
“Uma das características que diferenciam vandalismo e furto de sabotagem é a quantidade de peças subtraídas e o potencial para causar a queda da torre. O vandalismo e o furto normalmente se direcionam a poucas e pequenas peças, pois, em geral são crimes cometidos por leigos que têm receio de que a torre caia”, diz o documento.
O relatório da Abin foi feito em 19 de janeiro e chegou à CPMI em 21 de junho. A documentação foi em resposta a uma série de requerimentos de parlamentares sobre todos os informes, informações e relatórios expedidos pelos órgãos de informações sobre a possibilidade de realização de manifestações violentas em 8 de janeiro de 2023.